terça-feira, 20 de julho de 2010

Até que ponto?

"O trabalho enobrece o homem"... concordo,
mas até certo ponto,
nada de excessos,
trabalho em excesso emburrece o homem.

O trabalho em excesso aliena o homem sob todas as perspectivas que ele teria em melhorar sua condição, é necessário o ócio, o lazer, os momentos de reflexão.
Digo por mim, preciso diariamente de um tempo para refletir minhas ações, minhas percepções, um momento de digestão de mim mesma.

Poderia aqui fazer discursos teóricos cheios de títulos e definições como meu amigo Ricardo adora utilizar em nossas conversas virtuais diárias (ele sempre com muito mais indignação que eu): "a sociedade só terá êxito com uma revolução socialista comunista marxista não alientante...,
ista, ista, ista, ista...
"porque a sociedade cega por trabalhar cada vez mais, ganhar cada vez mais, ter mais que um e outro, sempre mais consumista dentro de um sistema capitalista que aliena...", (desculpa senão usei as palavras exatas, mas foi só uma homenagem),
ista, ista, ista... vou usar termos mais diretos e menos rebuscados.

Não quero me fazer piada, mas só tenho esse momento duas vezes ao ano que são os recessos escolares... lamentável!
Até quando aguentarei assim, sem a digestão de mim?
É paradoxal, quem trabalha com a Educação viver assim,
pois enquanto se trabalha dois períodos (4 horas de manhã e 4 horas a tarde),
nada lhe resta senão o travesseiro para um apagão imediato.

Quando se trabalha com uma turma com 25 crianças no mais alto estágio de desenvolvimento da personalidade, dos maiores desenvolvimentos que lhe serão impregnadas para o resto da vida, você tem que saber o que cada um necessita para ter o melhor de si, analisa cada dificuldade de aprendizagem, cada vida e tudo que a rodeia, cada transtorno, cada acontecimento familiar,ou seja, cada peculiaridade, formula estratégias para que toda a necessidade seja atendida, seria o ideal, se tudo transcorresse exatamente assim, mas quando você percebe o ano já acabou o que deu para fazer foi feito, o que não deu vai ser adiado para quiçá outro alguém dê continuidade no ano que vem.

Mas como fazer isso, se ao fim do dia quando se encosta a cabeça no travesseiro o sono vem em menos de um segundo, como um apagão, e logo já tem que acordar para a próxima jornada, e ainda os profissionais da educação que tem três períodos? Digo, é impossível! No fim, quando você percebe a realidade, somos meros números, em porcentagens, em médias de IDEB para fundos... meros números.

"Ah, Eu acordo prá trabalhar
Eu durmo prá trabalhar
Eu corro prá trabalhar" - Não... não é assim que tem que ser.

Indico dois livros que explicitam muito mais o que penso, leiam:


"O Ócio Criativo" - Domenico De Masi




"Direito à Preguiça" - Paul Lafargue

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