quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A arte da renovação constante

O que pensar?
O que não pensar?
Nesse momento só consigo me inconformar
e procurar paciência onde não tem mais...
[nem resquícios...]

Bom, não dizem que para o brilho,
antes é necessário o caos?
A inconformação é o caos!
Só na desordem há progresso e evolução,
mas me precisa assim tanta desordenação?

O que fazer para acalmar?
Tomar um ar...
dar um ar também faz bem!

Sair na varanda,
ouvir a tranquilidade do canto dos pássaros,
sentir a brisa que move lentamente a folha do caderno,
seguir o devaneio das nuvens no céu azul,
as mundanças das cores.

Me vem os desejos que já tive
e os que ainda tenho...
pessoas fiéis ao meu redor,
sinceridade e querer bem como base.

Sinceridade...
a verdade que quando ouço dói,
mas simplesmente porque esperava
outra verdade.

Mentiras? Bah... sem tempo a perder com elas,
do tanto já gasto... deixa para lá!

O que devo extrair
e o que devo possuir
para sempre sorrir...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

"Coisas que a dor não nos deixa perceber"

"Coisas que a dor não nos deixa perceber"...
e completo...
coisas que a cegueira não nos deixa perceber...
{só enxergando sempre além}

"Ah... fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos
os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio
permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás
dias adentro, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão
enviadas, consultarás búzios e astros, pensarás em fugas e suicídios a
cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas
em tua cama vazia, não conseguirás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas.
Na contemplação dessa paisagem interna não sabes sequer que lugar ocupas.
Acompanharás com a ponta dos dedos o nascimento de novos fios brancos nas
tuas têmporas, o percurso áspero dos teus olhos profundamente
desencantados.

Sabes de tudo sobre esse possível amargo futuro. Saberás
também que já não poderias mais ter voltado atrás, mas saberás
principalmente, com uma certa misericórdia doce por ti, por todos, que
tudo passará um dia.
Só não saberás que nesse exato momento estarás
insuportavelmente bela, com a beleza insuportável da coisa inteiramente
viva. Como um trapezista que só repara na ausência da rede após o salto
lançado".

Caio Fernando Abreu

Tic-tac... tic-tac... e o tempo corre atrás da gente,
nos persegue sempre...


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ciclo, retorno e derivados.

Enquanto algumas pessoas trilham seus caminhos,
elaborando projetos, realizando planos,
conquistando passo a passo seus ideias,
construindo suas vidas.
Outros seguem rastejando,
sugando energia, "sementes mal plantadas,
que já nascem com cara de abortadas",
consumindo o brilho do próximo (ou não tão próximo assim).

Essa "proximidade" se torna confusa,
é uma pseudo preocupação, algo questionável,
porque quando se encontram "bem" consigo mesmos,
é inexistente a preocupação da sua existência.

Não conseguem perceber que nada fazem pelas suas vidas,
uns encostos que vivem no vácuo, na aba,
sem dó, nem pidedade, nem compaixão,
sentam em cima dos seus rabos e apontam seus dedos
como se tivessem razão
ou direito de falarem alguma coisa.

Como sempre diz uma velha amiga:
"é... a língua é o chicote da bunda...",
por isso sempre digo, repito (às vezes ainda erro
por dar atenção em demasia,
algo que realmente não deveria),
não percam a oportunidade de ficaram calados,
pensem e repensem antes de apontar algo, atitude,
comportamento de outro, pois sempre é algo pelo qual
você já passou ou provavelmente irá passar.
E, provavelmente, o que de maneira hipócrita condenou,
é o que fará (ou fez).

Acordem! Faça o que melhor puderem para suas vidas,
desejem o que melhor existir para os outros
e não o que é dos outros
(não queiram aquilo que não é de vocês),
não sonhem os sonhos dos outros.

Tudo o que desejarem para o outro, vocês sempre receberão de volta.
Retorna, é um ciclo, energia é vital (do bem ou do mal),
escolham afinal,
e pensem bem o que realmente desejam para o outro.

Para vocês... desejo muito brilho no que puderem ou conseguirem fazer.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Amor - pois que é palavra essencial

"Amor — pois que é palavra essencial
comece esta canção e tudo a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
Reúna alma e desejo, membro e vulva.

Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma a expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?

O corpo noutro corpo entrelaçado,
Fundido, dissolvido, volta à origem
Dos seres, que Platão viu contemplados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.

Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?

Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentram.

Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara
mas, varado de luz, o coito segue.

E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da própria vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.

E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o clímax:
é quando o amor morre de amor, divino.

Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.

Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre."

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 11 de dezembro de 2010

Visões e sensações

- Eu vejo uma mulher...
linda...
que você gosta...
mas teve dúvidas e...
fugiu!
Porém, quando viu...
não resistiu!

- Quando vi... tremi!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ponto final?

*

Ponto final... é preciso juízo afinal. Juízo me faz usar a mais pura razão... e isso... nisso, é em vão, não quero não! Só [nisso] a emoção sempre reinou, pouco juízo se utilizou, e quando... vezenquando ele tenta aparecer, a emoção retoma e o consome! Me consome... e nos consome! Vai, vem, some, desaparece e retorna! Ah! Sempre retorna. Sim! Esse é o eterno retorno! E nessa insustentável leveza de bem pouco ser [leve], quero mesmo, e sempre, o peso da sua presença. Ponto final? Esqueça! Reticências, interrogações, exclamações, vírgulas... as aceito bem, ponto final? Nunca convêm!

*


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sempre só...



Sempre só
Eu vivo procurando alguém
Que sofra como eu também
Mas não consigo achar ninguém

Sempre só
E a vida vai seguindo assim
Não tenho quem tem dó de mim
Estou chegando ao fim

A luz negra de um destino cruel
Ilumina um teatro sem cor
Onde estou representando o papel
De palhaço do amor

Luz Negra - Nelson Cavaquinho